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Isto é o que acontece com seu corpo segundo o ano em que você nasceu


Por EVA VAN DEN BERG

Disse alguém certa vez que, ao final, o que conta não são os anos de vida, e sim vida vivida ao longo desses anos. Seja por circunstâncias que nos couberam ao acaso, ou pela habilidade com que conduzimos nossa própria existência, o fato é que o trânsito pelas diversas faixas etárias vai deixando sua marca. Em geral, entretanto, cada vez vivemos mais e melhor. No Brasil, por exemplo, a expectativa de vida saltou de apenas 33,7 anos no começo do século XX para 75,4 em 2014, segundo o IBGE. Obviamente, desde que nascemos até o final dos nossos dias o organismo enfrenta diversos riscos no que diz respeito à saúde, seguindo um processo de envelhecimento natural que é cada dia mais manejável. Claro que, segundo o ano em que nascemos, a propensão a sofrer determinadas doenças ou enfermidades varia. Aqui damos algumas referências temporais para que você possa encará-las com a máxima desenvoltura.

2007-2017 (0-10 anos) Até outro dia você estava no útero materno, mas, ao sair de lá, seu sistema imunológico se deparou com toda uma série de “bichos” que ainda não tivera o prazer de conhecer – e com os quais precisou aprender a lutar. E isso sem dúvida é bom porque, graças aos confrontos entre seu organismo e o meio ambiente, você está fortalecendo as defesas que lhe manterão com saúde no futuro. Tem mais sorte quem nasceu em um país industrializado, onde as taxas de sucesso nessas lutas contra bactérias e vírus são altíssimas, devido às boas condições sanitárias e aos programas de vacinação. As vacinas podem hoje evitar a aparição de muitas doenças e já permitiram a erradicação de várias outras. Apesar disso, é muito habitual que os pequenos passem por uma série de doenças, as mais variadas, durante os primeiros anos de vida. Entre as infecções mais comuns, segundo o Childalert, estão o sarampo, a varicela, a bronquite, a amidalite, a otite, a prisão de ventre, a gripe, as afecções na pele e a conjuntivite. Infelizmente, outro risco à saúde que atualmente já surge bem precocemente é a obesidade. E também ela é perfeitamente evitável.

1998-2006 (11-19 anos) Os adolescentes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), compõem a faixa etária dos 10 aos 19 anos. Se você está entre eles, deve saber que os perigos à saúde mais frequentes nessa população não são causados pela debilidade do sistema imunológico. Você está em plena metamorfose: cresce aos solavancos; a sexualidade, mais do que despertar, dá autênticos berros; a pele está engrossando, e você tem a cara cheia de acne, para não falar dos seus pais, a quem você não aguenta mais. Observe que os seus músculos estão se fortalecendo, você foi expulso do coral porque não para de desafinar, e tem a alma tumultuada devido às incríveis mudanças químicas que acontecem no seu cérebro. Por tudo isso, os comportamentos de risco e a imaturidade emocional são as maiores ameaça à sua saúde. Dirigir de forma perigosa, consumir drogas e manter relações sexuais desprotegidas são algumas das condutas que mais fatalidades causam entre os nascidos de 1998 a 2006. Também determinados problemas mentais costumam se expressar na adolescência, causando, entre outras doenças, depressão, ansiedade e vários transtornos, sejam de conduta ou alimentares, como a anorexia e a bulimia. Nesta faixa etária, a obesidade já se faz presente em uma parcela preocupante da população.

1988-1997 (20-29 anos) Se você tem entre 20 e 30 anos, está nessa idade popularmente conhecida como a flor da vida. Já alcançou a maturidade física e sexual, e os picos máximos de eficiência muscular e mental. Se tudo correu conforme deveria, você forjou sua identidade pessoal e consolidou a sua autoestima. Tudo está pronto para se desenvolver em todos os terrenos, tanto no pessoal como no profissional e físico... É bom mesmo que esteja, porque, ao se aproximar os 30, você começará a notar ligeiros sinais de que o pico da juventude vai ficando para trás, e estes serão mais ou menos pronunciados conforme tiver sido a sua trajetória vital. Bem-vindos à maturidade biológica! A partir daqui, você nota que começa a sofrer algum lapso e que se cansa um tiquinho mais rápido. Pouca coisa, afinal de contas. Mas cuidado: o sobrepeso, a inatividade física, a dieta pobre em hortaliças e um consumo excessivo de álcool começam a ser tendências a partir desse decênio, segundo o Instituto de Saúde e Bem-Estar do Governo da Austrália.

1978-1987 (30-39 anos) Como já contamos aqui no EL PAÍS, é recomendável que, se você se está se encaminhando para os 40, tome certas precauções hoje para não chorar amanhã… Os maus hábitos começam a passar fatura e, sem dúvida, quem se cuida está muito mais bem equipado para chegar à maturidade. Ainda assim, é absolutamente natural que o corpo comece a mostrar sinais de envelhecimento. Segundo um relatório da organização Mc Graw Hill Education, as mudanças fisiológicas nesta faixa etária são numerosas. Entre outras coisas, o cristalino perde flexibilidade, e a capacidade de focar as imagens diminui (os óculos estão a caminho). Também o paladar e o olfato se tornam menos precisos. Perde-se massa muscular e ganha-se tecido adiposo, e os homens, em especial, começam a perder cabelo. E um pouco de potência sexual: a testosterona diminui 1% por ano a partir dos 30. Além disso, a taxa de fertilidade decai nas mulheres e também nos homens, acompanhando a queda na produção hormonal.

1968-1977 (40-49 anos) Você sofre a crise dos 40? Bom, não se preocupe, é mais do que comum neste decênio. É que agora, de forma incontestável, você nota “que já não tem mais 20 anos”. Entre muitas outras coisas listadas no relatório da Mc Graw-Hill Global Education, você percebe que se cansa mais, tem menos força física, a massa muscular diminui, a pele perde elasticidade e, consequentemente, as rugas se tornam nitidamente visíveis. Conforme tiver sido a sua alimentação e seu nível de sedentarismo, principalmente, seus níveis de colesterol, pressão e índice de massa corporal estarão ou não dentro dos parâmetros desejáveis. Embora ainda seja cedo, muitas mulheres começarão a perceber os primeiros sinais pré-menopáusicos, e, tanto para elas como para eles, o sexo deixará de ser puro rock'n'roll para soar mais como uma música melódica – um estilo, se nos permitem a observação, dos mais subvalorizados. Numa sociedade que glorifica a juventude acima de tudo, o trânsito para o zênite da vida não é fácil e frequentemente conduz a problemas como a depressão e a ansiedade. Mas a exaltação da juventude é um trendic topic a eliminar porque, como disse em seu dia a cineasta Julie Gavras (filha do grande Costa Gavras), ela é um simples estado natural que não tem mérito algum.

1958-1967 (50-59 anos) Nesta faixa etária, homens e mulheres começam, como se costuma dizer, a plantar o que colheram. Isso, junto com os percalços inerentes à idade, resulta num aumento do risco de sofrer várias doenças, como aponta este artigo do New York Daily News, e é necessário multiplicar os check-ups periódicos. Nas mulheres, o mais destacável é a irrupção da menopausa, à qual se chega em média aos 51,4 anos de idade, segundo dados da Associação Espanhola para o Estudo da Menopausa. A alteração mais importante que gera é a redução de estrogênios, que causa, como também contamos há algum tempo por aqui, apatia sexual, desânimo e aumento de peso, além de sufocações, alterações do sono, secura vaginal e dores de cabeça. Mais preocupante é a perda de massa óssea, que pode desencadear uma osteoporose. Segundo a Fundação Nacional para a Osteoporose dos Estados Unidos, uma em cada duas mulheres de mais de 50 anos quebrará um osso por causa disso. Para os homens, conforme relata Verônica Rodríguez, diretora do gabinete Coaching Club da MensHealth, a andropausa também chega ao alcançar meio século de vida. É a chamada “crise da meia idade” (pelo visto, cada década tem sua própria crise…), que se revela mediante sintomas como estresse, depressão, perda de interesse, irritabilidade e perda de autoestima. Uma fase que é preciso viver com astúcia, porque, com um pouco de sorte, o melhor está ainda por vir.

1948-1957 (60-69 anos) A partir dos 60, segundo o relatório Development of Late Adulthood (Desenvolvimento da Idade Adulta Tardia), do médico egípcio Hanan Said Ali, o normal é que comecem a aparecer claramente rugas na pele, manchas cutâneas, perda de pelos corporais, diminuição do equilíbrio, atraso dos reflexos, e contínua perda de massa óssea. Para alguns, a perda de flexibilidade do cristalino iniciada há alguns anos provocará uma opacidade total ou parcial do mesmo, causando cataratas. Outros sintomas normais dessa idade são perda auditiva e desaceleração dos pulmões, que se movem com mais dificuldade, e do coração, que se torna menos flexível. E tem mais... O portal de saúde Everyday Health também destaca a artrite, doenças cardiovasculares e respiratórias, câncer, Alzheimer, diabetes e depressão. Mas, psicologicamente falando, aqueles que, além de saúde, tenham uma personalidade consolidada e fortaleza emocional obterão nesta etapa os maiores momentos de plenitude e saberão valorizar as conquistas do passado. Especialmente os homens: isso foi evidenciado em um estudo que comprovou que os homens percebem que sua felicidade aumenta com a idade, até cerca dos 70 anos.

1937-... (80 e mais) Dos 80 em diante, uma pessoa pode ser considerada idosa, disso não há dúvida. Mas, nas palavras da Organização Mundial da Saúde, “não existe um idoso ‘típico’”. Alguns octogenários têm faculdades físicas e psíquicas que nada deixam a desejar em relação às de muitas pessoas de 20 e poucos anos. Outras pessoas, no entanto, sofrem deterioração considerável quando muito mais jovens. Hoje em dia, é possível envelhecer saudavelmente nos países desenvolvidos. O mais problemático nesta etapa final da vida é a falta de um ambiente social favorável. Portanto, um verdadeiro flagelo na velhice é a solidão, causa de depressão entre nossos idosos, como evidenciado por um estudo do Instituto de Pesquisa Psicológica do Governo da Índia, em Nova Deli. Na Espanha, mais de um milhão de idosos vivem sozinhos, segundo dados da Federação de Amigos dos Idosos divulgados pela Europa Press. E, ao contrário do que ocorre na juventude, em nossa sociedade os idosos são muito subestimados e até mesmo menosprezados, o que é evidenciado em uma série de pequenos gestos cotidianos. Mas é um erro crasso, porque, em muitos deles, reside a sabedoria máxima que nós seres humanos somos capazes de gerar ao longo da vida. Cientificamente comprovado! A sabedoria vem junto com a idade, segundo estudo realizado pelo psicólogo Frank Durgin. Com sorte e perseverança, alguns de nós chegaremos a ser como eles.

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