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A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA 4.0 – TUDO VAI MUDAR!


POR EGLE LEONARDI. POSTADO EM INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Os sensores já estão mudando o mundo! Parece uma afirmação genérica demais, no entanto, esses sensores - de todos os tipos e para todas as aplicações – são a base da internet das coisas (IoT) e da inteligência artificial. Eles já estão interligando todos os sistemas em alta velocidade, mudando as atividades industriais e automatizando tarefas e serviços. Isso é o que está sendo chamado de Indústria 4.0, também considerada a 4ª Revolução Industrial.

E você pode estar se perguntando: por que um simples sensor pode mudar tanto a estrutura tecnológica mundial? É porque ele configura a tecnologia de captação de dados que os sistemas utilizam para desempenhar seus papeis nos mais diversos setores industriais.

Vale lembrar que a indústria 4.0 deve atingir 21,8% das empresas brasileiras em menos de uma década, como mostra pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Atualmente, o percentual é de 1,6%. Essa é a expectativa, mas como a tecnologia não respeita previsões, é muito provável que em metade desse período o setor industrial farmacêutico já mostre números mais relevantes no que se refere à inovação disruptiva e à ‘sensorização’, até mesmo provocada pela lei da rastreabilidade, entre outras.

Essas transformações tecnológicas irão, cada vez mais, aumentar a produtividade, reduzir o custo de produção, maximizar a segurança para o paciente e reduzir os preços de medicamentos. Isso implica em tecnologias da informação integradas, fábricas conectadas e processos inteligentes, com capacidade de subsidiar gestores com informações fundamentais para sua tomada de decisão.

“A rastreabilidade de medicamentos é um exemplo de iniciativa alinhada com a Indústria 4.0. A conectividade da cadeia de suprimentos deve trazer ganhos a todos, mas ainda não conseguimos mensurar isso”, explica o CEO da T2 Software, Rodrigo Klein, cuja empresa é especializada no rastreamento de produtos. Ele afirma que, no caso dos processos de manufatura, eles seguem a tendência de automatizar tarefas repetitivas que demandam pouco da inteligência humana. “Na minha visão o ser humano vai se concentrar em atividades que dependam de características cognitivas, e não mais de mão de obra intensiva”, complementa ele.

Klein destaca que a quarta revolução industrial está baseada nas seguintes tecnologias:

  • Cloud computing – Barateamento dos custos de serviços de infraestrutura;

  • Internet das Coisas – Redução considerável nos preços dos microcontroladores;

  • Inteligência artificial – Plataformas como serviço;

  • Computação cognitiva – PLN - Homem falando com a máquina;

  • Impressão 3D – Surgimento e barateamento da tecnologia;

  • Big data – Capacidade de armazenar e processar dados em streaming.

“Essas tecnologias vão nos ajudar na medida em que eliminam tempos de paradas não planejadas (IoT), cruzamentos de dados de máquinas, processos e pessoas (data streaming), com a fábrica conectada, vamos descobrir novas formas de produzir (A.I e Analytics) e surgirão novos modelos de negócios (carro como serviço), entre outros”, fala Klein.

Laboratório pioneiro

É fato que nenhum setor industrial estará fora dessa onda, o que inclui a indústria farmacêutica de maneira muito importante, com grande potencial para uma evolução disruptiva.

Um bom exemplo é o do laboratório EMS, que, em junho deste ano, se uniu a Bosch, empresa multinacional alemã fornecedora de tecnologia e serviços. O foco desse negócio foi alavancar a Indústria 4.0 em suas fábricas no Brasil. A implantação de máquinas conectadas pretende tornar a produção do laboratório mais inteligente e eficiente, trazendo aumento significativo na capacidade produtiva da indústria nos próximos três a cinco anos.

A implementação ocorrerá, inicialmente, por meio de um projeto piloto em uma linha de embalagem de medicamentos e no processo de gerenciamento da manutenção. A expansão dessa tecnologia para outras linhas e equipamentos, bem como para o restante da cadeia produtiva, desde a entrada da matéria-prima até a saída do produto final, deve ser o próximo passo da parceria.

Na indústria 4.0, os sistemas monitoram os processos físicos, criam uma replicação virtual e tomam decisões descentralizadas com base nos dados levantados pelos computadores, possibilitando a identificação e resolução de erros de forma mais rápida e assertiva.

Assim, a Bosch - líder mundial em soluções 4.0 para a indústria farmacêutica e referência do modelo na Europa - desenvolveu um software específico para a indústria farmacêutica, chamado Pharma i 4.0 Solution Platform, um Manufacturing Execution System (MES). O programa será instalado nas máquinas que a EMS já possui, transformando-as em equipamentos mais conectados, seguindo o conceito de fábricas inteligentes.

Além disso, toda a manutenção será informatizada, permitindo o registro dos serviços executados em tempo real, bem como proporcionando maior velocidade e assertividade na análise das causas das falhas e solução dos problemas.

"As soluções Bosch para a Indústria 4.0 foram customizadas para atender às necessidades específicas da EMS, fornecendo transparência para todos os processos e dados essenciais das máquinas, a fim de contribuir para que a empresa mantenha uma alta performance de seus equipamentos e tome decisões em tempo real baseadas em fatos concretos", explica o diretor da divisão Pharma da Robert Bosch América Latina, Volker Melges.

Vale lembrar que o cenário proporcionado pela Indústria 4.0 faz com que o trabalho, que antes era operacional, passe a ser, cada vez mais, automatizado, sendo controlado por inteligência artificial. Nesse contexto, o colaborador passa a assumir um papel mais estratégico, agindo como analista dos dados levantados pelos computadores, podendo tomar algumas decisões com base nas informações coletadas. "A ideia é que esse novo sistema seja aprimorado e continue evoluindo e que, no futuro, todas as nossas plantas fabris possam otimizar cada vez mais seus recursos, produzindo de maneira mais inteligente e eficiente", diz o vice-presidente de operações da SEM, Tobias Henzel.

Outras facetas do mesmo tema O mercado farmacêutico mundial movimenta mais de US$ 1 trilhão por ano e o setor sofre com alto grau de falsificações. Segundo a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization - WHO) e o Center for Medicine in the Public Interest, os medicamentos falsificados representam até 10% do total no mundo.

Fazendo parte da Indústria 4.0, os sistemas e mecanismos necessários para a implantação da rastreabilidade no Brasil são uma inovação de processos em toda a cadeia da indústria farmacêutica, e isso resultará em transformações positivas em termos de eficiência da gestão e, sobretudo, de segurança para o consumidor, evitando falsificações e o comércio clandestino.

A rastreabilidade necessita de um código de barras bidimensional, cuja tecnologia prevê a captura e o armazenamento de eventos necessários ao rastreamento de medicamentos. O padrão de código é o DataMatrix, especificado na norma ISO/IEC 16.022/2006. O detentor do registro de medicamentos é o responsável pela gestão dos dados que compõem o Identificador Único de Medicamentos (IUM).

O maior controle sobre a origem do medicamento também pode ajudar a combater falsificação e roubos de carga. Segundo dados da Gerência-Geral de Inspeção e

Fiscalização Sanitária da Anvisa, até maio em 2018 foram registrados mais de 2.407 roubos, furtos ou extravios de medicamentos no Brasil. Assim, com o código bidimensional impresso na caixa do medicamento é possível consultar sua procedência, além da validade e data de fabricação.

A rastreabilidade no Brasil é quase uma realidade. E a palavra quase foi muito bem empregada, já que o processo está em fase do projeto piloto, que vai até outubro de 2018. Depois disso, a Anvisa dará mais um ano para determinar adequações ou fazer alterações necessárias. Assim, os laboratórios terão ainda mais 36 meses para se adequar às exigências da Anvisa.

O presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, acredita que a rastreabilidade de medicamentos está muito próxima de se tornar uma realidade: “Já senti o mercado muito reticente, quando a Anvisa realizou os primeiros pilotos, por volta de 2012. Hoje, a indústria está muito mais conscientizada, e 100% do setor estão aderindo à ideia. A rastreabilidade está presente no mundo todo e não vejo hipótese de não nos adequarmos por aqui”.

Para saber mais detalhes sobre a rastreabilidade, consulte a matéria completa realizada pela equipe de reportagem do ICTQ, intitulada Qual será o final da novela da rastreabilidade de medicamentos?

O mundo de olho na 4º revolução

A mais importante feira de máquinas e sistemas para indústria química, bioquímica e biotecnologia do mundo, chamada ACHEMA, aconteceu em junho, em Frankfurt, na Alemanha. O evento, que ocorre a cada três anos e recebe mais de um milhão de profissionais por dia, foi visitado pela professora do ICTQ, Daniela Silva.

Ela contou que a maior parte dos expositores mundiais visavam soluções focadas na Indústria 4.0. A interface humana será muito reduzida, pois todos os equipamentos são robotizados, otimizando processos e aumentado a produtividade. Por exemplo: o robô pega o comprimido e o coloca no blister, a máquina faz o encartuchamento, o robô apanha os cartuchos e os coloca na embalagem terciária, que já é encaminhada para a paletização, e assim por diante.

Daniela contou sobre um sistema de monitoramento de temperatura e umidade de depósitos e salas e equipamentos de câmaras frias via wireless, com validação de sistemas conforme a regulação 21 CFR part 11, do FDA, com precisão de 0,1 graus Celsius para temperatura, o que dá maior confiança no processo. O que há atualmente é uma precisão de 0,3 graus Celsius. “A logística das empresas está sendo automatizada, com depósitos com sistemas de WMS - tudo com código de rastreabilidade”, lembrou ela.

Varejo também experimenta o futuro

A rastreabilidade, depois de implementada no setor industrial, causará seus impactos também na distribuição e no varejo farmacêutico, o que exigirá soluções e sistemas avançados de todos os elos da corrente no Brasil.

No entanto, outros avanços já são realidade na terra de nossos patrícios, e que não tardarão a chegar por aqui. É o caso de muitas farmácias de Portugal, cuja dispensação de medicamentos é automatizada. Para entender um pouco o sistema, vale citar que, em uma farmácia, um robô pega o item solicitado e o coloca em uma esteira ou escorregador. E o medicamento chega ao balcão, nas mãos do farmacêutico. O mesmo sistema envia, no caso dos psicotrópicos que são controlados, as informações de venda para a Infarmed (é a Anvisa de Portugal). Lá, nem se sonha em fazer manualmente a escrituração e envio de informações desses medicamentos.

A automação nas farmácias portuguesas permite maior controle do estoque e da administração de medicamentos aos pacientes e ainda reduz gastos. Por exemplo, os dispensários eletrônicos armazenam medicamentos monitorados por um controle computadorizado. Para acessar o equipamento, deve ser feita a leitura biométrica do profissional, que só consegue retirar medicamentos prescritos para o paciente internado e no horário de administração.

O diretor da Farmácia Azevedos, em Lisboa (Portugal), Hugo Portela, conta que a sua rede de farmácias é totalmente automatizada. Ele ressalta as vantagens na adoção da automação, principalmente com relação à organização do espaço e o tempo da atenção farmacêutica dispensada ao paciente. “Com a gestão automatizada na farmácia, os nossos atendimentos ficam mais rápidos e com maior foco no paciente. Porque solicitamos todos os pedidos ao robô e, com isso, não precisamos sair do balcão para procurar medicamentos, sendo assim, podemos adiantar o atendimento, tirar dúvidas e orientar os pacientes”.

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